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27/11/2016 - André Navarrete
O conservadorismo que ameaça a sobrevivência
Como executivos que lidam com áreas como tecnologia e marketing podem ser tão conservadores, se suas atividades deveriam se caracterizar pela inovação? Tenho certeza de que todos conhecem colegas que podem vestir esta carapuça com perfeição.
Recentemente, reunimos cerca de 180 executivos de diversas áreas no GGTI Meeting NE 2016, em Pernambuco. Uma das palestras do evento tratava exatamente do papel dos líderes na economia global.
Ronaldo Abath, diretor regional do Gartner, observou aos presentes que um executivo de tecnologia deverá ter, cada vez mais, perspicácia para os negócios se quiser continuar valorizado no mercado.
Perspicácia é uma palavra interessante, sinônimo de sagacidade e argúcia. Ou seja, o que Abath afirmou é que o executivo de tecnologia não poderá se ater a sistemas, redes e aplicativos. Terá de, além de dominar os processo e ferramentas tecnológicos, compreender e enfocar os negócios da companhia.
Poderíamos enunciar esta questão de outra forma: todos os instrumentos de negócios, como os melhores sistemas, são meios, e não finalidades das organizações. Um executivo que não compreender isso claramente perderá o trem-bala de sua atividade e marcará passo profissionalmente.
Quando digo conservador, estou me referindo, por exemplo, a quem pretenda impedir o Uber de transportar passageiros para proteger os taxistas. Sem trocadilho, esta atitude protecionista não nos leva a lugar nenhum. O próprio Uber, por sua vez, terá de se reinventar constantemente para não perder espaço para algum novo aplicativo ousado e criativo.
Vejam os casos dos fabricantes de automóveis. Não podem simplesmente fechar os olhos aos veículos autômatos, aqueles carros que funcionam com alguns comandos de localização, sem volante, motorista, freio etc.
Não somente as montadoras, mas todos os que prestam serviços vinculados ao tráfego de veículos terão de avaliar muito bem as portas que se abrirão e as que se fecharão com advento dos autômatos. Estima-se que poucas pessoas terão automóveis próprios, e só isso já revoluciona a atividade de construtoras (apartamento sem vaga de estacionamento?), oficinas mecânicas, lojas de autopeças etc.
A economia, a se confirmar esta previsão, virará de ponta cabeça. Um conservador diria: não acredito que isso vá acontecer tão cedo. No passado recente, desdenharam da popularização do computador. E mais recentemente ainda, torceram o nariz para os dispositivos móveis (smartphones e tablets).
Sim, o mundo que está chegando rapidamente é desafiador e até nos assusta, pois mudanças culturais são muito difíceis para todos. É mais fácil fazer as coisas como sempre fizemos. O hábito aumenta a segurança, ao passo que as transformações nos desafiam e exigem adaptação rápida e consistente.
Outro exemplo: é muito provável que a economia comece a se reativar no ano que vem. Com o crescimento econômico, aumentarão as transações on-line e, consequentemente, a necessidade de segurança digital.
Ainda mais que a internet das coisas vem com tudo por aí. Também em sua palestra, Abeth reforçou que hoje até 2020 haverá 30 bilhões de coisas conectadas pela Internet.
Com tanta conexão e inovação, esse segmento de mercado será um dos primeiros a apresentar expressivo crescimento em TI. Então, como tudo, o que traz mais riscos também representa oportunidades de negócios.
* Presidente do Optimize Group e do Grupo de Gestores de TI (GGTI); vice-presidente da Associação dos Usuários de Informática e Telecomunicações de Pernambuco (Sucesu)
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